“Maioria dos municípios capixabas ligados a Casagrande é de esquerda, Mas a direita, com Magno Malta, se recusa a entregar Estado ao bloco governista”

Apesar de ampla rede de prefeitos e deputados alinhados a Casagrande, a “direita capixaba” representada por Magno Malta e aliados, afirma que jamais dará seu aval a um projeto de poder cerrado, denunciando o que consideram “uso político” de recursos públicos e manobra para perpetuação no governo.


Por Charles Manga

O cenário de hegemonia de esquerda nos municípios

No Espírito Santo, uma grande parte dos municípios está sob administração de prefeitos e lideranças políticas historicamente ligadas à esquerda, muitos declarados simpatizantes de Casagrande e do bloco que o apoia. Esse alinhamento faz com que o governo estadual conte com uma base ampla e relativamente coesa de apoio territorial.

Essa estrutura dá ao grupo governista não apenas controle sobre prefeituras, mas também influência local sobre indicações, convênios, repasses de verba e obras, elementos que, na visão de críticos, criam dependência política e fragilizam a independência dos municípios. A lógica de clientelismo e “toma lá dá cá” tende a restringir a pluralidade de poder no Estado.

A dissidência da direita capixaba

Em contrapartida, o senador Magno Malta, principal liderança da direita conservadora no Espírito Santo, tem deixado claro seu repúdio a essa estratégia de composição com forças de esquerda. Em entrevista recente, ele afirmou que o partido que lidera o PL-ES , “é um partido de direita” e que “discorda totalmente de qualquer membro do partido apoiar candidatos de esquerda”. Para ele, alianças com a esquerda configuram “distorção da realidade” e são motivo para expulsão. radioativaes.com.br+1

O cerne da crítica de Malta é que o grupo de Casagrande tenta se legitimar como de centro ou como “governo de todos”, mas, na prática, consolida uma coligação ideológica de esquerda, com controle de vastos municípios e forte presença institucional , um projeto que, segundo ele, jamais terá o apoio da “direita de verdade” capixaba. 

A proposta de poder centralizado e a ameaça à pluralidade

Para críticos, o bloco Casagrande + prefeitos/deputados aliados representa uma tentativa de implantar um sistema de poder unificado no Estado: um governo que controla desde o Palácio até prefeituras, com obras e recursos públicos usados como moeda de apoio e com pouca margem para oposição independente.

Essa arquitetura de poder levanta o risco de que o Estado deixe de exercer sua função de gestor público e se transforme em máquina política para perpetuar um grupo dominante. A consequência seria uma limitação da liberdade de escolha do eleitor, supressão da alternância no poder e enfraquecimento da democracia local.

Por que a direita capixaba rejeita esse modelo

A “direita capixaba”, representada por Magno Malta e demais líderes conservadores, rejeita categoricamente esse tipo de composição. Malta ressalta que o PL não será “escada para ninguém”, ou seja, não aceitará servir como instrumento para legitimar a hegemonia de forças de esquerda. 

Para ele, a tentativa de associar o partido a candidatos de esquerda é uma manobra eleitoral e midiática para confundir o eleitorado. Ao contrário, afirmam representar a “direita de verdade”, que preza por liberdade, valores conservadores e descentralização, opostos a um governo centralizador, ideologizado e com forte controle sobre prefeituras e recursos.

Conclusão

O Espírito Santo vive hoje um momento de forte concentração de poder nas mãos de um bloco de esquerda que domina prefeituras, assentos na Assembleia e o governo estadual. Porém, essa hegemonia territorial e institucional não significa consenso político: a direita capixaba, liderada por Magno Malta, tem se posicionado com firmeza contra qualquer aliança com esse grupo, denunciando o que considera um risco à pluralidade democrática e ao controle independente do Estado.

Para muitos, essa divisão revela que, por mais que o bloco governista tente se apresentar como majoritário ou “unificador”, a resistência da direita demonstra que a disputa por poder e representação continua e que, no Espírito Santo, a esquerda dificilmente conseguirá o apoio da direita de forma voluntária.


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