MST faz festa em universidade pública com patrocínio do governo do ES
Postado 10/11/2025 02H23
O movimento tem apoio constante da gestão estadual, chefiada por Renato Casagrande
Revista Oeste
A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) vai sediar a festa de aniversário do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A comemoração se estende da sexta-feira 7 ao domingo 9, com o patrocínio do governo estadual, chefiado por Renato Casagrande, do Partido Socialista Brasileiro (PSB), e do governo Lula.
Com o tema “40 anos de lutas, resistências e vitórias!”, o evento celebra os 40 anos do movimento em território capixaba. A programação inclui uma feira sobre reforma agrária e um festival com “atrações culturais e artísticas da terra”, de acordo com o informe oficial do MST nas redes sociais. O MST está entranhado em instituições do Espírito Santo, com apoio do governador e aliados.
Em maio de 2024, Casagrande vetou um projeto de lei que previa punições a pessoas envolvidas em invasões
de propriedades privadas no Estado. O projeto, aprovado na
Assembleia Legislativa capixaba, visava a impedir que invasores
tivessem acesso a benefícios sociais, participassem de concursos
públicos, licitações e assumissem cargos estaduais.
O deputado estadual Lucas Polese (PL), autor do projeto, afirma que a
relação entre o MST e o governo do Espírito Santo é histórica e “de
muita afinidade”. Há leniência com as invasões do MST no Estado
desde o começo do mandato de Renato Casagrande, disse a Oeste.
“Posso citar diversas invasões, que aconteceram de norte a sul do
Estado e nas quais o governo foi leniente na hora de realizar a
reintegração de posse.
” Polese mencionou o caso de uma fazenda cuja decisão judicial de reintegração de posse ficou pendente de cumprimento por meses, mesmo sob pena de multa diária. “O governo mandava o comandante da polícia enviar carta, mandar ofício para o Judiciário, dizendo que não tinha condições de cumprir a reintegração de posse, pedindo adiamento de prazo, e foi assim por mais de três meses”, explica. “Foram diversas invasões assim, não teve nenhuma que a Justiça deu a decisão, e o governo cumpriu no momento seguinte.”
O caso nem sequer precisaria de decisão judicial para ser resolvido, destaca Polese. Uma vez que há invasão, coação e outras tipificações de crime em flagrante na atuação do MST, “se o governo tivesse vontade, poderia inibir isso antes de 24 horas, no flagrante mesmo, assim como fazem outros governos de outros Estados”, afirma, citando exemplos de casos em São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Santa Catarina, onde os governadores confrontaram as invasões do movimento.
Renato Casagrande inclusive já recebeu pessoas do MST na sede do governo estadual, no Palácio Anchieta, além de ter comparecido a eventos do movimento. Dirigentes estaduais do MST já declararam apoio à pré-candidatura do atual governador ao Senado Federal em 2026. Aliado do governador do ES oferta apoio à invasão do MST Anteriormente, uma gravação de 2024 mostrou quando o prefeito de São José do Calçado, Antônio Coimbra de Almeida, conhecido como Cuíca, oferece apoio direto ao movimento em uma área invadida no município. Ele é do mesmo partido de Casagrande. Nas imagens, Cuíca admite colaborar com os invasores e afirma agir com respaldo do governador. “Eu dou total apoio a vocês aqui, não tenho nada contra”, diz Cuíca a integrantes do MST.
“Se alguém achar, pode vir aqui, pode desmanchar, porque eu não tenho nada contra, e tudo o que eu puder fazer, eu vou fazer para ajudar.” Para o Carnaval deste ano, a gestão de Renato Casagrande destinou R$ 215 mil à escola de samba Independentes de Boa Vista. Uma das alas do desfile fez homenagem direta ao MST, que agradeceu o tributo. Euclério Sampaio, prefeito de Cariacica, município-sede da agremiação, publicou uma nota de repúdio à agremiação e prometeu que a prefeitura não faria mais repasses financeiros à entidade.
Incra capixaba atua para desapropriar fazendas produtivas de famílias Maria da Penha Lopes dos Santos, petista e promotora do MST, é a superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Estado. Ela teve papel central na tentativa de expropriar a fazenda da família Bettim em favor do movimento.
A equipe da revista Oeste cobriu o caso com exclusividade desde junho de 2024. Desde 2010, a família lutava na Justiça para permanecer na propriedade, que possui cultura de café, pimenta e mandioca, além de criação de gado. Naquele ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou a desapropriação da Fazenda Floresta e Texas para fins de reforma agrária, alegando improdutividade com base em relatórios do Incra estadual.
Em março deste ano, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região suspendeu o processo do Incra contra a família. A decisão veio do desembargador André Fontes, mesmo magistrado que, em fevereiro, já havia suspendido a desapropriação em si, um dia depois de representantes da superintendência capixaba do Incra terem tomado posse de parte da propriedade rural.
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