Prefeito de Cariacica se Intitula como "Opção de Direita", mas Seu Histórico Político Desafia a Afirmação

Por Charles Manga

Cariacica, ES – Em uma recente declaração polêmica, o prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio, se auto intitulou como a "única opção de direita" no Espírito Santo, afirmando também ser um admirador do ex-presidente Jair Bolsonaro. A posição levantou questões sobre sua verdadeira orientação política, já que, de acordo com seu histórico, Sampaio sempre manteve estreitos vínculos com o governo estadual de Renato Casagrande, identificado com políticas de esquerda.

O discurso de Euclério Sampaio, que recentemente destacou sua identificação com a direita e seu apoio a Bolsonaro, contrastou com sua trajetória política até o momento. A sua gestão à frente da Prefeitura de Cariacica tem sido marcada pela proximidade com o governador Casagrande, do Partido Socialista Brasileiro (PSB), que historicamente adota uma linha política voltada para o centro-esquerda. Além disso, a administração estadual tem se distanciado da agenda conservadora e neoliberal associada à direita, especialmente nas áreas de políticas sociais e econômicas.

Uma Conexão Com o Governo Casagrande

Apesar da recente tentativa de se alinhar à direita, Euclério Sampaio sempre foi visto como um político aliado ao governo de Renato Casagrande, que ocupa o cargo de governador do Espírito Santo. A relação estreita entre ambos foi crucial para a gestão do município de Cariacica, com investimentos e políticas públicas estaduais sendo implementadas na cidade durante os últimos anos. Tais investimentos frequentemente alinhavam-se às diretrizes do governo de Casagrande, que são amplamente associadas à esquerda.


O Movimento e o Questionamento de Aliados e Oposição

A mudança de Sampaio em relação ao seu posicionamento político tem gerado especulações. De um lado, aliados e integrantes da oposição questionam a veracidade de suas declarações, apontando que sua atuação e afiliações até o momento não corroboram com o discurso de um político de direita. A alegação de ser "a única opção de direita" no estado soa, para muitos, mais como uma estratégia eleitoral do que uma mudança real de ideologia.

Reportagens Pagas e Conflitos Locais

Além da confusão sobre sua ideologia, outro ponto que gerou controvérsia foi o envolvimento do prefeito em reportagens pagas para atacar adversários políticos, principalmente membros do Partido Liberal (PL) em Cariacica. Críticos apontam que o uso de recursos públicos para financiar matérias jornalísticas que visam enfraquecer o PL seria um movimento estratégico para desgastar a oposição e consolidar sua posição política. Caso essas acusações se provem verdadeiras, Sampaio pode se ver envolvido em um debate sobre ética e legalidade no uso de recursos públicos para fins eleitorais.

O Que Esperar para o Futuro de Cariacica?

A situação política em Cariacica parece estar em um momento de grandes transformações, com Sampaio tentando se reposicionar diante do cenário estadual. Enquanto o prefeito tenta atrair apoio entre eleitores conservadores, sua relação com o governo Casagrande e a polêmica envolvendo práticas questionáveis de comunicação colocam em dúvida a sinceridade de sua mudança ideológica.

O futuro de Cariacica dependerá não apenas das manobras políticas de Sampaio, mas também de como a população e seus adversários interpretarão esse jogo de alianças e contradições. No entanto, por enquanto, o prefeito parece decidido a se afirmar como uma voz da direita no Espírito Santo, apesar das discordâncias em torno de suas ações e de seu verdadeiro posicionamento político.

Para analistas e críticos, os únicos realmente interessados nessa aproximação entre fé e política são o governador Renato Casagrande e seu grupo. O projeto seria claro: usar o peso da máquina pública para viabilizar a eleição de seu sucessor, o senador Ricardo Ferraço. O acordo também abriria espaço para que o prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio, para que dispute uma vaga ao Senado em 2026. Embora se apresente como político de direita, Euclério é apontado como parte da engrenagem de Casagrande, alinhado aos interesses do atual governo. 

Ao afirmar que igrejas apoiam prefeitos de esquerda ou candidatos conservadores ligados a esse grupo, ele e outros pastores buscam dar legitimidade a uma articulação que, na prática, beneficia apenas um pequeno círculo de lideranças. Muitas igrejas capixabas – incluindo comunidades ligadas às Assembleias de Deus – contestam esse discurso e ressaltam que não existe posição oficial de apoio a candidatos.

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