A evangélica que roda igrejas falando sobre suicídio após irmã se matar: 'Disseram que ela ia para o inferno'
Postado 11/09/2025 01H24

Antes da morte da irmã, Késia conta que não tinha contato algum com o tema da saúde mental
Por Charles Manga
A reportagem a seguir faz parte da série " Suicidio & Fé", que aborda o tabu religioso com o ato, com foco nas religiões com mais adeptos no Brasil. Ao encontrar o corpo da irmã mais nova que tinha acabado de se suicidar, em 2012, Késia Mesquita conta que saiu para a rua gritando: "Meu Deus, para onde ela foi?!" Afinal, não é incomum que evangélicos como ela ouçam que quem tira a própria vida cometeu um pecado e vai para o inferno. A ideia de que tirar a própria vida é um pecado segue vigente entre fiéis, pastores e lideranças evangélicas, embora grandes igrejas estejam adotando uma postura mais empática com pessoas afetadas pelo suicídio, segundo especialistas.

Depois da perda e de um doloroso luto, ela fundou em homenagem à irmã um centro dedicado à prevenção do suicídio e aos cuidados com pessoas que perderam alguém que se matou, a chamada posvenção. Formada em letras antes da morte da irmã, Késia decidiu depois fazer uma pós-graduação sobre o assunto, escreveu vários livros e passou a viajar pelo Brasil fazendo palestras e pregações sobre saúde mental em igrejas evangélicas.
Uma pregadora ou um pregador é quem espalha a crença evangélica para outras pessoas, mas não tem a função e as obrigações de um pastor.
Embora já veja mudanças entre os pastores e igrejas, ela afirma que ainda é uma minoria que está preocupada em quebrar o tabu religioso em relação ao suicídio. "É uma porcentagem pequena, mas já conseguimos ver uma luz no fim do túnel", afima.
"Nos últimos dez anos, tive a oportunidade de falar em muitas igrejas e vi a preocupação que muitos líderes têm em entender do assunto para acolher melhor."
A trajetória de Késia e o tratamento do suicídio entre os evangélicos são o tema da segunda reportagem da série Suicídio e Fé, que aborda o tabu religioso com o ato, com foco nas religiões com mais adeptos no Brasil.
Késia conta que, antes da morte da irmã, não tinha qualquer contato com o assunto da saúde mental. Débora começou a apresentar "reações muito desproporcionais e agressivas", nas palavras da irmã, e a família levou a caçula para um psiquiatra que, em 2011, diagnosticou o transtorno bipolar e alertou para um alto risco de suicídio. Débora não escondia que pensava em se matar.
"Ao contrário de algumas pessoas que são pegas de surpresa, ela verbalizava, porque, junto com transtorno, havia a questão da personalidade mesmo, que era muito forte. Ela sempre foi muito sincera", lembra Késia. A palestrante diz que a irmã teve vários surtos que mobilizavam a família, incluindo um que levou à internação em um hospital em janeiro de 2012. Késia enumera então alguns "gatilhos" para morte de Débora aos 24 anos, em julho de 2012.
Segundo ela, a caçula decidiu interromper o tratamento psiquiátrico e enfrentava problemas no namoro. Em um surto, a família teve dificuldades de achar um psiquiatra plantonista nas redes pública e privada.
"Ela saiu de casa em um táxi, e deduzimos que ela tinha ido para casa onde tinha planejado morar com o futuro marido."
Késia conta que previu a tragédia que poderia acontecer e foi atrás da irmã.
"Por dez minutos, já tinha sido tarde demais", diz.
"Fui eu que encontrei o corpo dela, mais uns dois primos viram. Eu não deixei meus pais verem. Foi a cena mais triste que os meus olhos já viram", conta, afirmando que as duas eram muito próximas.

Por Charles Manga
A reportagem a seguir faz parte da série " Suicidio & Fé", que aborda o tabu religioso com o ato, com foco nas religiões com mais adeptos no Brasil. Ao encontrar o corpo da irmã mais nova que tinha acabado de se suicidar, em 2012, Késia Mesquita conta que saiu para a rua gritando: "Meu Deus, para onde ela foi?!" Afinal, não é incomum que evangélicos como ela ouçam que quem tira a própria vida cometeu um pecado e vai para o inferno. A ideia de que tirar a própria vida é um pecado segue vigente entre fiéis, pastores e lideranças evangélicas, embora grandes igrejas estejam adotando uma postura mais empática com pessoas afetadas pelo suicídio, segundo especialistas.
Depois da perda e de um doloroso luto, ela fundou em homenagem à irmã um centro dedicado à prevenção do suicídio e aos cuidados com pessoas que perderam alguém que se matou, a chamada posvenção. Formada em letras antes da morte da irmã, Késia decidiu depois fazer uma pós-graduação sobre o assunto, escreveu vários livros e passou a viajar pelo Brasil fazendo palestras e pregações sobre saúde mental em igrejas evangélicas.
Uma pregadora ou um pregador é quem espalha a crença evangélica para outras pessoas, mas não tem a função e as obrigações de um pastor.
Embora já veja mudanças entre os pastores e igrejas, ela afirma que ainda é uma minoria que está preocupada em quebrar o tabu religioso em relação ao suicídio. "É uma porcentagem pequena, mas já conseguimos ver uma luz no fim do túnel", afima.
"Nos últimos dez anos, tive a oportunidade de falar em muitas igrejas e vi a preocupação que muitos líderes têm em entender do assunto para acolher melhor."
A trajetória de Késia e o tratamento do suicídio entre os evangélicos são o tema da segunda reportagem da série Suicídio e Fé, que aborda o tabu religioso com o ato, com foco nas religiões com mais adeptos no Brasil.
Késia conta que, antes da morte da irmã, não tinha qualquer contato com o assunto da saúde mental. Débora começou a apresentar "reações muito desproporcionais e agressivas", nas palavras da irmã, e a família levou a caçula para um psiquiatra que, em 2011, diagnosticou o transtorno bipolar e alertou para um alto risco de suicídio. Débora não escondia que pensava em se matar.
"Ao contrário de algumas pessoas que são pegas de surpresa, ela verbalizava, porque, junto com transtorno, havia a questão da personalidade mesmo, que era muito forte. Ela sempre foi muito sincera", lembra Késia. A palestrante diz que a irmã teve vários surtos que mobilizavam a família, incluindo um que levou à internação em um hospital em janeiro de 2012. Késia enumera então alguns "gatilhos" para morte de Débora aos 24 anos, em julho de 2012.
Segundo ela, a caçula decidiu interromper o tratamento psiquiátrico e enfrentava problemas no namoro. Em um surto, a família teve dificuldades de achar um psiquiatra plantonista nas redes pública e privada.
"Ela saiu de casa em um táxi, e deduzimos que ela tinha ido para casa onde tinha planejado morar com o futuro marido."
Késia conta que previu a tragédia que poderia acontecer e foi atrás da irmã.
"Por dez minutos, já tinha sido tarde demais", diz.
"Fui eu que encontrei o corpo dela, mais uns dois primos viram. Eu não deixei meus pais verem. Foi a cena mais triste que os meus olhos já viram", conta, afirmando que as duas eram muito próximas.

Késia conta que, antes da morte da irmã, não tinha qualquer contato com o assunto da saúde mental. Débora começou a apresentar "reações muito desproporcionais e agressivas", nas palavras da irmã, e a família levou a caçula para um psiquiatra que, em 2011, diagnosticou o transtorno bipolar e alertou para um alto risco de suicídio. Débora não escondia que pensava em se matar.
"Ao contrário de algumas pessoas que são pegas de surpresa, ela verbalizava, porque, junto com transtorno, havia a questão da personalidade mesmo, que era muito forte. Ela sempre foi muito sincera", lembra Késia. A palestrante diz que a irmã teve vários surtos que mobilizavam a família, incluindo um que levou à internação em um hospital em janeiro de 2012. Késia enumera então alguns "gatilhos" para morte de Débora aos 24 anos, em julho de 2012.
Segundo ela, a caçula decidiu interromper o tratamento psiquiátrico e enfrentava problemas no namoro. Em um surto, a família teve dificuldades de achar um psiquiatra plantonista nas redes pública e privada.
"Ela saiu de casa em um táxi, e deduzimos que ela tinha ido para casa onde tinha planejado morar com o futuro marido."
Késia conta que previu a tragédia que poderia acontecer e foi atrás da irmã.
"Por dez minutos, já tinha sido tarde demais", diz.
"Fui eu que encontrei o corpo dela, mais uns dois primos viram. Eu não deixei meus pais verem. Foi a cena mais triste que os meus olhos já viram", conta, afirmando que as duas eram muito próximas.
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