STF queria a cabeça de Do Val em troca de alívio nas cautelares, diz senador: “Não tem acordo. Só caio morto”

Senador Marcos Do Val reage à proposta de renúncia em troca da retirada de sanções do STF e promete resistir até o fim contra o sistema
Por Charles Manga 🥭
Raciocine comigo: se esses projetos forem tão abomináveis quanto dizem, e se estiverem mesmo na contramão da maioria, então aqueles que os apoiarem serão naturalmente punidos nas urnas na próxima eleição. Isso manteria intacta a tese daqueles que são contra a anistia e o impeachment. Para o governo, aliás, seria fácil derrubar algo que o povo rejeita, bastaria mobilizar sua base no Congresso e levar seus militantes às ruas para demonstrar força.
Ah, sim… Mas talvez a democracia não possa ser tão exposta assim. Porque, se for, o povo pode acabar revelando que ela não é exatamente o que seus defensores dizem que é.
O que sobra é resistir
A Constituição foi engavetada. As regras democráticas deram lugar a acordos de bastidor. O regimento do Supremo se sobrepôs à soberania popular. Quantos parlamentares de esquerda perderam seus mandatos em inquéritos conduzidos por Moraes? Quantos foram presos por atos “antidemocráticos”? Nenhum. Podem até sugerir, publicamente, matar adversários com ”tiro na nuca”, que não sofrem sanção alguma. Já um conservador que ouse fazer um meme contra Moraes ou Lula verá o fim de sua carreira, sua liberdade e sua privacidade.
A tornozeleira de Do Val, portanto, deixou de ser um símbolo de punição. Tornou-se um marco de resistência. Um grilhão convertido em brasão. O senador escolheu suportar a dor de permanecer em pé, a vergonha de se render. Recusou o acordo. Recusou o silêncio. E recusou a cumplicidade.
Como ele mesmo declarou:
“Não queríamos passar por isso. Mas eu não vou entregar o nosso presente, nem o futuro das próximas gerações, ao sistema. Não tem acordo. Só caio morto.”