Com foco em água e exportação, Casagrande lança maior plano de crédito rural da história do ES
Postado 05/08/2025 02H06

Por Charles Manga
O Plano Safra 2024/2025 prevê R$ 9,8 bilhões para o campo e foca em cadeias atingidas pelo tarifaço dos EUA e na segurança hídrica das propriedades O Espírito Santo abriu, nesta segunda-feira (4), a nova temporada de apoio ao campo com o maior volume de crédito rural da sua história. Em evento no Palácio Anchieta, o governador Renato Casagrande anunciou o Plano Safra 2024/2025 com uma meta ambiciosa: liberar R$ 9,8 bilhões em financiamentos para impulsionar o agronegócio capixaba, quase 26% a mais do que no ciclo anterior.
Além do recorde financeiro, o plano chega com uma proposta nova e concreta: uma linha de crédito exclusiva para construção de barragens em propriedades rurais. A intenção é clara, garantir água no solo antes que a seca chegue. “Estamos colocando à disposição quase R$ 10 bilhões em crédito rural. Isso mostra um Estado organizado, com instituições fortes e políticas públicas estáveis“, disse Casagrande, durante o lançamento. Enquanto o país enfrentou retração de 11,2% nos financiamentos do setor no último ano, o Espírito Santo nadou contra a corrente. E o governo quer manter o ritmo. A nova edição do plano foi desenhada para atender com mais precisão as cadeias produtivas mais vulneráveis, entre elas, aquelas que sentiram o baque do novo pacote tarifário dos Estados Unidos.
O secretário estadual da Agricultura, Enio Bergoli, destacou que o foco é apoiar com inteligência quem mais precisa. Cadeias como café, gengibre, mamão, especiarias e, principalmente, o pescado terão atenção redobrada. “98% das nossas exportações de pescado têm como destino os EUA. Por isso, vamos dar um apoio especial ao setor com crédito subsidiado” O vice-governador Ricardo Ferraço reforçou que esse tipo de política pública só se sustenta com articulação entre o poder público e as instituições financeiras. “Um programa como esse não é colocado de pé pelo setor privado. Isso revela a importância de um governo organizado, que transforma recursos públicos em ferramentas de desenvolvimento”.
A criação de uma linha de crédito voltada para construção de barragens é, talvez, o ponto mais prático e promissor do plano. Com até R$ 150 mil por projeto, juros de 4% ao ano e três anos de carência, a proposta pretende preparar o campo capixaba para os períodos de estiagem, cada vez mais longos e previsíveis. “Água é o principal insumo da agricultura, e vivemos em um Estado com dois terços do território com balanço hídrico negativo”, alertou Bergoli.
“É uma linha fantástica, que permite plantar, colher e só depois começar a pagar. A expectativa é que mais de 47 mil contratos sejam formalizados ao longo do ciclo. Além disso, o governo pretende ampliar o uso das Cédulas de Produtor Rural (CPRs), um tipo de título que antecipa recursos para quem produz, com meta de R$ 1,7 bilhão em operações. No total, somando crédito direto e instrumentos complementares, o plano projeta um alcance de até R$ 11,5 bilhões em apoio ao agro capixaba.
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