Brasil cai 21 posições no ranking do IDH quando se considera a desigualdade
Postado 25/07/2025 06H55

Por Charles Manga
O Brasil é um dos países mais desiguais entre os que têm alto desenvolvimento humano no ranking do IDH da Pnud. O país, que viu seu desempenho melhorar em 2023 no indicador global, puxado principalmente pelos ganhos de renda, mas também de saúde, tem um desempenho bem pior quando se ajusta o IDH em 2025 pela desigualdade da população.
Segundo o relatório do Pnud divulgado nesta sexta-feira (25), o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil fica 24% menor e o país desaba 21 posições no ranking quando os dados consideram as disparidades no acesso a saúde, educação e renda das diferentes classes sociais do país. Entre os 50 países que integram o grupo de alto desenvolvimento humano, o resultado do Brasil ao se ajustar o IDH pela desigualdade só não é pior do que África do Sul e Botsuana. E é bem similar ao da Colômbia, país que “perde” também 24% de sua nota no IDH e que vê sua posição no ranking recuar em 24 degraus ao ajustar os dados pela desigualdade. No Brasil, o 1% mais rico da população detém 21,1% da renda nacional, mostra o relatório do Pnud. Para termos de comparação, na Islândia, país com maior IDH do mundo, o topo da pirâmide tem apenas 8% da renda nacional.
A desigualdade de renda medida pelo índice de Gini caiu em 2024 e chegou ao seu menor nível na série histórica, segundo a PNAD Contínua sobre Rendimento de Todas as Fontes, divulgada nesta quinta-feira, 24, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Índice de Gini, que mede a distribuição dos ganhos pela população numa escala de zero a 1 e, quanto menor, melhor, ficou em 0,506 em 2024, o menor desde 2012, quando o IBGE começou a realizar a pesquisa. O Gini mais alto da série (0,545) ocorreu em 2018.
Segundo Gustavo Fontes, analista do IBGE, entre 2023 e 2024, a desigualdade caiu porque o rendimento domiciliar dos mais pobres caiu juntamente com as dos mais ricos. "As classes mais baixas da distribuição de renda tiveram uma diminuição do rendimento domiciliar per capita abaixo da média", afirma Fontes. Além disso, um mercado de trabalho mais desigual no ano passado, com o rendimento médio de todos os trabalhos baixando mais fortemente para quem ganhava mais, é outra explicação para o baixo rendimento dos brasileiros.
Desigualdade de renda nas regiões Entre as unidades da federação, o Distrito Federal (R$ 3.276) liderava, com São Paulo (R$ 2.588) e Santa Catarina (R$ 2.544) a seguir. O menor valor foi do Maranhão (R$ 1.078), seguido por Ceará (R$ 1.210) e Amazonas (R$ 1.231). Apesar das altas, as diferenças regionais permaneceram bastante acentuadas: a Região Sul registrou o maior valor (R$ 3 576), seguida pelas regiões Centro-Oeste (R$ 3 569) e Sudeste (R$ 3 497), enquanto o menor foi verificado na Região Nordeste (R$ 2 080). De 2023 para 2024, destaca-se o crescimento do rendimento de todas as fontes nas regiões Sul (9,5%) e Nordeste (6,1%), enquanto a Região Norte apresentou oscilação negativa de 1,0%.
Fonte : IBGE
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