Conta de luz vai subir: Aneel aciona bandeira vermelha em junho

Tarifa mais cara reflete custo de geração com térmicas e sinaliza alerta para o abastecimento no segundo semestre
A conta de luz vai pesar mais no bolso dos brasileiros a partir de junho. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) confirmou na sexta-feira (30) o acionamento da bandeira tarifária vermelha no patamar 1. Na prática, o consumidor pagará um adicional de R$ 4,46 a cada 100 kW/h consumidos.

O motivo: o regime de chuvas voltou a decepcionar, especialmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, que concentram cerca de 70% da capacidade de armazenamento hídrico do País. Sem volume suficiente nos reservatórios, o sistema precisa acionar usinas termoelétricas — mais caras e poluentes — para garantir o fornecimento.

A mudança vem na esteira de uma piora constante nas condições de geração desde fevereiro. O período chuvoso ficou aquém do necessário para recompor os níveis dos reservatórios, e o custo da energia no mercado também subiu. No mês passado, a bandeira já havia passado de verde para amarela, antecipando o que agora se confirma: o risco hidrológico voltou a rondar o sistema elétrico nacional.

Lucas Paiva, engenheiro elétrico e sócio-fundador da consultoria Lead Energy, vê um cenário preocupante.
“Tivemos um outono com chuvas abaixo da média histórica e a perspectiva é de um inverno seco, o que compromete a geração hídrica. Os dados da CCEE apontam uma redução dos níveis de armazenamento, que devem cair de 69% em abril para 55% até outubro”, disse o especialista.

A bandeira tarifária foi criada para repassar ao consumidor o custo extra quando há necessidade de recorrer a fontes mais caras de geração. Com ela, a Aneel busca sinalizar o real custo da energia e evitar déficits no setor.
O alerta da agência reguladora também passa por outro indicador: o Preço de Liquidação de Diferenças (PLD), que mede o valor da energia no curto prazo. Com a menor oferta hídrica, o PLD tende a subir, pressionando ainda mais o sistema e os preços ao consumidor final.

Enquanto a tarifa sobe, a confiança no abastecimento para o segundo semestre depende das próximas chuvas — que, por ora, ainda não vieram.

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