Perseguido, mas de pé: Eustáquio anuncia peregrinação em gratidão à Espanha por negar extradição
Postado 21/04/2025 08H05

Jornalista e sua família enfrentam anos de perseguição no Brasil por suas convicções políticas; decisão da Justiça espanhola reacende esperança de liberdade para conservadores
A decisão da Justiça da Espanha de negar a extradição do jornalista Oswaldo Eustáquio reacendeu não só a esperança de sua família, mas também o alerta sobre os excessos do sistema judicial brasileiro contra vozes conservadoras. Emocionado, Eustáquio anunciou que percorrerá o Caminho de Santiago de Compostela como forma de agradecimento. O gesto é simbólico: uma caminhada espiritual após anos de sofrimento físico, psicológico e político impostos a ele e aos seus.
“Quem quiser caminhar comigo, está convidado”, declarou o jornalista, hoje exilado, à imprensa. A peregrinação, tradicional na fé cristã, será uma espécie de desagravo a quem, como ele, foi acusado e perseguido por delitos que, segundo a própria Justiça espanhola, têm “natureza política” e se relacionam ao apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro e à oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
A decisão da 3ª Seção Penal da Audiência Nacional da Espanha foi clara: os atos atribuídos a Eustáquio estão relacionados a manifestações políticas e, por isso, não justificam uma extradição com base nos tratados internacionais. A Corte ainda ressaltou que ele participou de ações coletivas de apoio a Bolsonaro, reforçando o caráter político do pedido brasileiro — o que, segundo a legislação espanhola, inviabiliza a entrega do acusado.
Enquanto isso, no Brasil, Oswaldo Eustáquio segue como alvo prioritário do ministro Alexandre de Moraes, mesmo sem condenação judicial. Há contra ele dois mandados de prisão preventiva, embora ele sequer estivesse no país no dia 8 de janeiro de 2023, quando houve a depredação dos Três Poderes. Desde então, sua liberdade foi sendo limitada por decisões que desconsideram princípios basilares do Estado de Direito, como a presunção de inocência e o devido processo legal.
A perseguição, no entanto, não atinge apenas Eustáquio. Sua esposa e filhos têm vivido o peso de um exílio forçado, a instabilidade emocional e o medo constante de retaliações. “Eles queriam apagar não só minha voz, mas meu nome, minha fé, minha família. Mas nós resistimos. Porque quem tem fé, não se curva”, disse.
A negação da extradição por parte da Espanha é uma derrota para o governo brasileiro e para os que usam o aparato estatal para perseguir opositores ideológicos. A justificativa usada em Madri desmonta a narrativa que tenta criminalizar todo pensamento divergente do atual establishment político e judicial. Em março, a mesma Justiça espanhola já havia se recusado a prender Eustáquio por entender que suas ações estão protegidas pela liberdade de expressão.
A peregrinação anunciada agora tem um sentido profundo. Não é apenas um ato de fé cristã, mas também um manifesto de resistência diante de um ”Brasil” que parece cada vez menos tolerante com o pensamento conservador. A história de Oswaldo Eustáquio é mais do que um caso pessoal: é o retrato de um país onde jornalistas, ativistas e cidadãos comuns estão sendo calados não por crimes, mas por ideias.
Diante da decisão da Espanha, fica a pergunta: quantos outros brasileiros estão sendo perseguidos, presos ou silenciados, não por ameaçarem a democracia, mas por ousarem contestar os donos do poder?
Enquanto isso, Oswaldo caminha. Em paz, mas não calado.
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