Maduro inicia novo mandato em meio a crise política e repressão na Venezuela

Eleito em processo conturbado, presidente é alvo de acusações de fraude e enfrenta isolamento internacional


Por Charles Manga


Nicolás Maduro foi empossado nesta sexta-feira (10) para um terceiro mandato como presidente da Venezuela. A cerimônia ocorre após uma eleição realizada em 28 de julho de 2024, marcada por denúncias de falta de transparência, perseguição a opositores e repressão violenta. Apesar de proclamado vencedor pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Maduro não apresentou provas de sua vitória, enquanto a oposição sustenta que Edmundo González venceu o pleito.

O processo eleitoral já despertava desconfiança antes mesmo da votação. O regime chavista impediu a candidatura de líderes como María Corina Machado e revogou convites a observadores internacionais. González, considerado um azarão, conseguiu registrar sua candidatura, mas enfrentou uma campanha repleta de restrições.

Fraude e disputa de resultados

Após o pleito, o CNE declarou Maduro vencedor com 51,2% dos votos, alegando que um ataque hacker atrasou a apuração. González, por sua vez, afirmou ter obtido quase 70% dos votos, baseando-se em atas coletadas nos locais de votação. Organizações internacionais verificaram os documentos da oposição e confirmaram a legitimidade dos dados, enquanto o CNE manteve sigilo sobre as atas oficiais.

Em agosto, a Suprema Corte, controlada por aliados de Maduro, ratificou sua vitória e proibiu a divulgação das atas. Essa decisão alimentou protestos, que resultaram em mortes, prisões e denúncias de tortura contra manifestantes. Segundo ONGs, 28 pessoas morreram e mais de 2,4 mil foram detidas até dezembro.

Repressão e exílio

Em meio à repressão, Edmundo González buscou refúgio na Espanha, onde recebeu asilo político após ser coagido a reconhecer a vitória de Maduro. Mesmo no exílio, anunciou sua intenção de retornar à Venezuela e tomar posse como presidente. O regime chavista respondeu oferecendo uma recompensa por sua captura e alertando que ele seria preso caso entrasse no país.

Enquanto isso, María Corina Machado segue escondida na Venezuela, enfrentando acusações do Ministério Público de incitação à violência. Até membros de sua família foram alvo de detenções arbitrárias.

Isolamento internacional

A comunidade internacional está dividida quanto ao resultado das eleições. Países como Estados Unidos, Espanha e Argentina reconheceram González como presidente eleito, enquanto o Brasil adota uma postura cautelosa, aguardando a divulgação das atas. O isolamento de Maduro se intensificou com a ruptura diplomática com várias nações e a perda de apoio de antigos aliados, como o presidente Lula.

A posse de Maduro foi discreta, com a presença de poucos chefes de Estado. Entre eles estavam os presidentes de Cuba e da Nicáragua, além de representantes da Rússia e da China. A cerimônia  começou ás 13h, pelo horário de Brasília, incluiu discursos do presidente venezuelano.

Futuro incerto

A Venezuela enfrenta um futuro incerto, com uma crise política agravada pelo autoritarismo e pela repressão. A população continua a sofrer com a escassez de alimentos, hiperinflação e a éxodo de milhões de pessoas. Com a oposição desarticulada e o apoio internacional fragmentado, a luta por um processo democrático parece mais distante do que nunca.

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