A aliança desastrada de Vandinho Leite na Serra: Oportunismo ou declínio político?

Max Pitangui, publicitário, radialista e ativista político

A recente e controversa aliança de Vandinho Leite com partidos de esquerda, como o PDT e o PSOL, transformou-se em um dos maiores tropeços de sua carreira política e ilustra, de maneira contundente, o fracasso de sua liderança à frente do PSDB na Serra. Ao unir-se a forças historicamente opostas aos valores conservadores que sempre defendeu, Vandinho não apenas desgastou sua imagem junto ao eleitorado, como também revelou uma aparente falta de coerência e convicção. Em uma cidade majoritariamente conservadora, esse movimento soou como uma traição sem precedentes aos princípios que ele alegava defender.

Para muitos, essa aliança inesperada é a prova de que Vandinho, em um momento de desespero por manter alguma relevância no cenário político, trocou a solidez ideológica por uma postura que cheira a oportunismo. Em vez de mostrar uma liderança firme e consistente, ele construiu um histórico de decisões que muitos consideram frágeis, culminando agora em uma estratégia vista como um gesto desenfreado por qualquer migalha de poder na máquina municipal. Sua atuação no PSDB, que deveria consolidar e expandir a influência do partido na Serra, parece ter feito o oposto: causou divisões, desgastes e uma perda significativa de confiança entre os eleitores tradicionais.

Os reflexos dessa escolha ficaram evidentes durante o evento de comemoração da vitória do grupo aliado. Ao invés de aplausos, Vandinho foi recebido com vaias e insultos — não pela base conservadora, que já o via como um traidor, mas pelo próprio público de esquerda que o considerou oportunista e não fez esforço algum para acolhê-lo. A tentativa de justificar essa aliança como um “esforço de construção de pontes” soou vazia e insincera. Na prática, Vandinho nem fortaleceu os laços com seus antigos apoiadores nem conquistou a confiança dos novos aliados.

O episódio ainda trouxe efeitos colaterais devastadores para seus aliados. A decisão de compor a chapa de Audifax Barcelos com Nilza Cordeiro, conhecida por seu apoio explícito a Lula e ao PT, afastou uma parcela significativa da base conservadora da cidade e criou um vácuo de militância. Muitos dos eleitores que anteriormente confiavam em Audifax abandonaram a campanha e optaram por um voto útil a Pablo Muribeca, como forma de demonstrar insatisfação com a nova composição da chapa. Para o público conservador, foi como se a candidatura de Audifax tivesse se desvirtuado, inclinando-se para uma corrente de esquerda que eles não estavam dispostos a apoiar.

Agora, a pergunta que muitos se fazem é: sob qual orientação ou estratégia Vandinho imaginou que essa decisão seria vantajosa? Ao que tudo indica, ele se deixou levar pela promessa ilusória de poder compartilhado ao lado de partidos que claramente não o enxergam como um aliado genuíno. Para a base conservadora, ficou claro que Vandinho trocou a confiança que construiu ao longo dos anos por uma aliança frágil e oportunista. Já para os setores de esquerda, ele nunca foi mais do que uma presença incômoda e pouco confiável.

No jogo político, alianças e concessões são comuns, mas esta se destacou pelo fracasso absoluto em obter apoio de ambos os lados. Em uma posição que exige firmeza e transparência, Vandinho negligenciou completamente a necessidade de diálogo e coerência com seus eleitores. Como consequência, ele agora amarga os efeitos de uma escolha que pode lhe custar caro e afetar profundamente sua trajetória no PSDB e na política da Serra.

Seu erro ao desconsiderar o peso das convicções de seu eleitorado, ao confundir pragmatismo com oportunismo e, ao mesmo tempo, abrir mão da integridade política, alienou quase todos os que antes o defendiam. Vandinho se encontra, portanto, diante de um dilema: buscar uma reconciliação que parece cada vez mais distante ou aceitar as consequências dessa decisão e o ônus que ela trouxe para sua trajetória e para o PSDB. Sua liderança, marcada agora pela fragilidade, terá um preço alto — possivelmente irreversível para ele e para as bases políticas na cidade de Serra.

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