A entrada de Max Filho na disputa da Prefeitura de Vila Velha é um ato estratégico
Na política, economizar inimigos é tão importante quanto fazer amigos
O anúncio da filiação do ex-prefeito de Vila Velha Max Filho ao PDT é estratégico e com objetivos bem definidos. Fontes ligadas ao político confirmam que Max está com as baterias carregadas e virá com artilharia pesada: “Não vai sobrar pedra sobre pedra”, declarou um apoiador.
Especulações à parte, a entrada de Max Filho na disputa da prefeitura canela verde pode ser lida de diferentes formas, uma delas é a isenção do governador, um possível “nó tático”. Isto porque o PDT também é da base aliada de Renato Casagrande e administra a cidade mais populosa do Estado (Serra: 517 mil habitantes). Sendo assim, ninguém terá o desejado selo do Palácio Anchieta, pelo menos até as prévias do primeiro turno.
Outra análise importante é a redução do tamanho do atual prefeito Arnaldo Borgo. Mesmo com a recente pesquisa que o colocava numa temporal situação de conforto, é fundamental refazer os cálculos, porque a quantidade e a qualidade dos seus adversários devem aumentar, mostrando que Max não é um “cão falecido” como a massa borguiana imagina. Aliás, a grande missão do ex-prefeito pode ser deslustrar seu principal oponente, mostrar sua nudez e revelar suas escondidas rugas, é uma forte prospecção.
E tem mais, o nome do coronel Ramalho vem ganhando status de unanimidade no meio da oposição, uma espécie messiânica na política de Vila Velha. Alguns afirmam que só ele tem condições reais de endurecer a disputa e derrotar os borguistas. Seria o famoso dois contra um, altamente desproporcional, um bate e o outro, arrasta. Obviamente, o prefeito é um bom jogador, procurou limpar o caminho e alargar suas alianças, principalmente na Câmara Municipal, que disse sim para quase tudo, para não dizer tudo. Arnaldinho conseguiu aquilo que seus antecessores não conseguiram, a unanimidade entre os vereadores. Há quem diga que essa postura do prefeito inibiu e limitou as prerrogativas da Casa de Leis, outros dizem que o prefeito provou que tem habilidade relacional para fazer amplas composições, vai saber.
Voltando para o coronel Ramalho, tudo indica que seu nome está posto, faltando “detalhes”, como uma sigla inclinada para direita. O coronel já afirmou que é conservador, armamentista e defensor das pautas de direita. Os mais afoitos podem perguntar: “O que uma pessoa de direita faz num governo de esquerda”? Não posso responder pelo coronel, mas garanto que o sonho de todo Oficial da Polícia Militar é ocupar o cargo de Secretário de Segurança Pública do Estado, fechando com chave de ouro sua carreira e incrementando ao seu currículo o posto mais alto e importante da sua área. Ramalho é um nome pujante, capaz de causar gravíssimas ranhuras no plano de muita gente.
Por fim, a classe política não é uma boa aluna, no qual poucos aprendem com os erros do passado e vivem cometendo os mesmos erros no presente e no futuro. O pleito municipal de 2020 em Vila Velha foi bastante didático, a situação menosprezou a ciência política, já a oposição usou e abusou da maiêutica quantitativa e qualitativa. No mesmo ano, a situação ignorou as redes sociais e debochou dos fenômenos, a oposição deu aula, mestrou e se doutorou.
Não existem mais meninos e ameninados nessa corrida, existem desavisados, soberbos e assoberbados com autoestima, adultos bem treinados e muita gente que sabe ler a curva e depois da curva. A política é assim, um mapa desbotado, um tempo instável e uma finíssima camada de gelo que se rompe conforme o calor dos apressados pés. Assim, Vila Velha segue com o confuso espírito político, oscilando entre os incompreendidos conceitos da renovação e da mudança.
Encerrando nossa provocação, Max Filho pode não ser o grande protagonista de 2024, mas sem dúvida nenhuma sua candidatura promete ser mais estratégica e científica, quem viver, verá!